Pede-se a quem encontrar o favor de não devolver para Rute Mota (erre.ponto google mail com).
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
A poesia não serve para nada #3
Se te fores, por quem morro?
O que me dará na veneta
se atrás de ninguém
nunca corri, nem corro?
Se te fores, por que morro?
Não blasfemo mas digo
não ganharás o paraíso
Se te fores, falo a sério
Que bem te aviso.
Não é mero provérbio
Se te fores, por quem morro?
Não tinhas pensado nisso?
Quando falas olhas o vazio
É um tique
ou falta de juízo?
É do colesterol elevado
algum neurónio entupido?
Por quem morro, se te fores?
A que dor te acrescento
a quem vou chamar pequenino
a quem, a quem lamento?
Por quem morro, se te fores?
Lembra-te que prometeste
quando a terra ficar preta
levar-me para outro planeta
Se te fores, por quem morro?
Quem pergunta abalou
não há quem responda
nunca ninguém respondeu.
Por quem morres, se me for?
Tu faltas-me. Falto-te eu.
Helga Moreira (2006), Agora que Falamos de Morrer, Lisboa: &etc, pp. 21-22.